Como citar o verbete da versão ebook

ABREU, Letícia Gantzias; PAIVA, Fernanda Tavares; SOUSA, Rafaela Carla Santos. Gêneros Digitais. In.: GOMES JUNIOR, Ronaldo Corrêa (Org.) keywords: termos e conceitos de linguagem e tecnologia na linguística aplicada. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2021, pp. 11-17.

Gêneros Digitais

Letícia Gantzias

Fernanda Paiva

Rafaela Sousa

Gêneros digitais (e-gêneros, cibergêneros, gêneros virtuais ou gêneros da web) podem ser definidos como diversas modalidades discursivas que nascem da operação de softwares e de seus processos interativos. Assim, os gêneros digitais surgem, e por vezes se condicionam, nos ambientes virtuais, ou seja, nos espaços de produção e processamento textual da internet (MARCUSCHI, 2010).

Shepherd e Watters (2004. p. 1) explicam que um “cibergênero” pode ser caracterizado pelo conteúdo, forma e funcionalidade, sendo que a funcionalidade refere-se às capacidades oferecidas pelo meio (a mídia utilizada). Além disso, os gêneros digitais, como destaca Xia (2020), são práticas comunicativas socialmente motivadas e construídas, pois evoluem continuamente e respondem eternamente mudando a sociedade humana.

O ciberespaço, conforme Neves (2011, p. 169), “se constitui como um espaço de construção de autores anônimos, lugar de onde emergem novas discursividades; constitui-se, ainda, como um ambiente que se propõe a pensar os sentidos e os sujeitos em sua relação com a língua, a cultura e a história.” Isso evidencia ainda mais a importância de trabalhar nas escolas os gêneros que circulam nesse universo.

Dentro do contexto educacional, Coscarelli e Ribeiro (2021, p. 82), ao analisarem quais são os gêneros citados na Base Nacional Comum Curricular, encontram “menções a gêneros típicos do universo digital ou a ações que têm sido realizadas nesse ambiente”. As autoras (op.cit., p. 82) classificam tais gêneros em duas categorias: “os textos que podem estar na internet, existindo previamente a ela também; e os que são genuinamente web”.
Para os gêneros que são “genuinamente web”, as autoras (2021, p. 82) listam que na BNCC são mencionados: podcasts, vlogs, petição online, fanfics, e-zines, fan-vídeos, fan-clipes, posts em fanpages e em redes sociais, gif, meme, vidding, gameplay, walkthrough, detonado, machinima, trailer honesto, playlists comentadas.

A seguir, estão alguns conceitos e exemplos (clique nos termos destacados para mais detalhes):

  • Blog (sinônimos: diário virtual, weblog): Espécie de diário virtual em que o internauta relata suas histórias, seus projetos de vida, escreve comentários sobre a realidade, escreve artigos, poemas etc., deixando esse material disponível na rede para que outros possam interagir; diário virtual, weblog. As postagens são normalmente exibidas em ordem cronológica inversa, de forma que a postagem mais recente apareça primeiro, no topo da página da web. No link, há um blog sobre estreias e crítica de cinema.

  • Ciberpoema (sinônimo: ciberpoesia): É uma modalidade de escrita poética compartilhada, em especial, nas redes sociais. Para Rodrigues et al (2010, p. 4), a ciberpoesia, é uma “inovadora manifestação artística [...], que não se limita à figura física do poema, mas diz respeito também às novas formas de criação e recepção dos elementos poéticos surgidos no/com/a partir do ciberespaço” Trata-se de poemas curtos e ligados à temática sentimental e reflexiva, podendo vir ou não seguidos de desenhos, conforme exemplos a seguir:


  • E-zine (sinônimo: webzine): do inglês e(lectronic) (maga)zine, é uma revista eletrônica disponível na internet, geralmente gratuita e sobre um tema específico. É utilizada como um meio de divulgação de trabalhos artísticos, literários, musicais etc.

  • Fanfic (sinônimos: fanfiction, fic): são ficções criadas por fãs, que baseados em uma história ou personagens já existentes criam suas próprias. No link acima, há diversas fanfics derivadas da série Harry Potter (J. K. Rowling).

  • Gameplay: vídeo de um internauta jogando, normalmente compartilhado em plataformas populares como Youtube, Twitch ou Facebook Gaming. As gameplays podem ser gravadas e editadas ou, até mesmo, funcionar no formato de transmissão ao vivo (lives ou streams). No link, há um exemplo de gameplay de Minecraft, jogo eletrônico de sobrevivência, demonstrado/executado por um player brasileiro bastante popular.

  • GIF (Graphics Interchange Format): o GIF é uma junção de imagens que expressam a sensação de movimento. Além de não ter áudio, desde quando criadas, as imagens com este formato podem ser compartilhadas sem gastar muita banda de internet, propiciando cada vez mais a sua popularização. Podem vir acompanhados por palavras ou frases, como nos exemplos a seguir:
  • Petição Online: tem como objetivo provocar a ação do Estado contra posturas em desacordo com o estado democrático e de direito através de atos de reclamar, reivindicar, denunciar, requerer etc. É possível que haja confusão entre os termos abaixo-assinado e petição online, mas a petição online está mais relacionada ao âmbito jurídico, sendo direcionada a uma autoridade. Já o abaixo-assinado é mais informal.

  • Podcast: a palavra podcast, de origem inglesa, é junção de Pod – “Personal On Demand” (pessoal sob demanda), retirada de iPod, com broadcast (transmissão). No link, há um exemplo de um podcast literário com um episódio voltado para a discussão do livro “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley.

  • Videoconferência: tecnologia que permite o contato visual e sonoro entre pessoas que estão em lugares diferentes, com o objetivo de uni-las em um ambiente virtual síncrono. Permite não só a comunicação entre um grupo, mas também a comunicação pessoa-a-pessoa. No link, há um exemplo de videoconferência sobre afetividade e acolhimento em tempos de isolamento social.

  • Wiki: hipertexto executado no âmbito de um website, no qual utilizadores modificam colaborativamente conteúdo e estrutura diretamente usando um web browser. A origem do termo é atribuída ao software WikiWikiWeb (wiki wiki = “rápido”, em havaiano) criado pelo programador americano Ward Cunningham, atraído por sua aliteração e por sua abreviatura correspondente (WWW).
Verbetes associados
letramento digital; multimodalidade; retórica digital

Referências


BLOG. Split Screen. Disponível em: https://splitscreen-blog.blogspot.com/. Acesso em: 16 ago. 2021.


BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Educação é a base. Brasília: MEC/SEB, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf Acesso em: 19 ago. 2021.


CIBERPOEMA (Figura). Disponível em: https://br.pinterest.com/fabbiobahiao/ciberpoema/ Acesso em: 16 ago. 2021.


CIBERPOEMA (Hiperlink para vídeo). O que são Ciberpoemas?. Publicado por: Khan Academy. (6 min 08seg). 7 mai. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P5kSfqmDUmU. Acesso em: 20. ago. 2021.


COSCARELLI, C.V., RIBEIRO, A. E. BNCC: tecnologias digitais, textos multimodais e o Ensino Fundamental. In: SILVA, K. A. da, XAVIER, R.P (orgs.). Múltiplos olhares para a Base Nacional Comum Curricular. Campinas: Pontes Editores, 2021. p. 75-94.


E-ZINE. Plataforma Portuguesa para os direitos das mulheres. Projeto Ponto de Contacto. Género! nov. 2006. Disponível em: https://www.yumpu.com/pt/document/read/15287953/e-zine-plataforma-portuguesa-para-os-direitos-das-mulheres. Acesso em: 17 ago. 2021.


FANFIC. Site Fanctition. Fanfics sobre Harry Potter. Disponível em: https://fanfiction.com.br/categoria/78/harry_potter/. Acesso em: 16. ago.2021


GAMEPLAY. Minecraft - Em busca de um OCELOT com Venom Extreme (Parte 1). Publicado por: BRKsEDU. (21 min 48 seg). 2012. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xLUdyUoNhkE. Acesso em: 25 ago. 2021.


GIF. Tenor: mecanismo de busca e banco de dados GIF online. Disponível em: https://tenor.com/. Acesso em: 16 ago. 2021.


MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER A. C. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.


NEVES, A. J. A literatura marginal na Internet: o fenômeno fanfiction como instrumento de disseminação e divulgação das/nas margens. Revista do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural, Brasília, v. 1, n. 1, jan./jun., 2011.


PETIÇÃO ONLINE. Voz pelo Planeta. Disponível em: https://voicefortheplanet.org/iframe/?oid=134. Acesso em: 18 ago. 2021.


PODCAST. Podcast Chá das Cinco com Literatura. Episódio n. 56: Admirável mundo novo de Aldous Huxley. 29 jul. 2021. Disponível em: https://chadascincocomliteratura.com/2021/07/29/56-admiravel-mundo-novo-de-aldous-huxley/. Acesso em: 18 ago. 2021.


RODRIGUES, C. O. et al. Ciberpoesia: um híbrido infinitamente colaborativo. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Rio Branco, 2010.


SHEPHERD M.; WALTERS C. Identifying Web Genre: Hitting a Moving Target. WWW2004 Conference. Workshop on Measuring Web Search Effectiveness: The User Perspective, New York, USA, 2004. Disponível em: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.84.614&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 10 ago. 2021.


VIDEOCONFERÊNCIA. Afetividade e acolhimento em tempos de isolamento social. Publicado por: Conviva Educação. (1h 07min). jul. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hA7-epCyews. Acesso em: 19. ago. 2021.


WIKI. Wikcionário. Disponível em: https://pt.wiktionary.org/wiki/Wikcion%C3%A1rio:P%C3%A1gina_principal. Acesso em: 18 ago. 2021.


XIA, S. A. Genre analysis in the digital era: developments and challenges. ESP Today, v. 8, n. 1, 2000. p. 141-159.

This site was made on Tilda — a website builder that helps to create a website without any code
Create a website